terça-feira, 27 de abril de 2010

Caminhar na esperança


“O que se torna indispensável, nesta hora, sobretudo para os católicos portugueses, é abrir o coração, escancarar o espírito e reanimar a disponibilidade de alma, para aceitar com respeito e devotamento a mensagem que Bento XVI nos vem entregar, a fim de prosseguirmos na esperança de dias melhores”.
Aproxima-se, na rapidez do tempo, a chegada do Santo Padre Bento XVI à nossa Pátria. Torna-se, por isso, urgente e necessário fixarmos os objectivos desta visita não apenas para conhecermos a sua tónica geral mas ainda para nos colocarmos em expectativa e disponibilidade interior, a fim de melhor recebermos a sua mensagem e suas directrizes.
Como sucessor de Pedro, o apóstolo escolhido para apascentar a totalidade do rebanho de Jesus, o Papa, fundamento sólido e inquebrantável da fé cristã, consolidará os seus irmãos na verdade e no amor, a fazer medrar, por entre as vicissitudes e problemas do tempo que nos cabe viver. Foi este mandato transmitido ao primeiro chefe da Igreja, nos dias trágicos da Paixão: “Eu rezei por ti, a fim de que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos”.
Numa época de relativismo, de incerteza e flutuação da verdade nas normas da moralidade e da vida, será um bem para os católicos portugueses assentar as suas convicções religiosas sobre a sabedoria do cristianismo que atravessou íntegra e incólume os séculos.
Em resposta à crise de fé que abala o mundo e às dúvidas de certos sectores da Igreja, Sua Santidade dirá a todo o povo de Deus a Palavra santa, apontando o único rumo da verdade para cada um seguir o caminho recto. Certamente nas celebrações eucarísticas de Lisboa, Fátima e Porto, irá cumprir o seu múnus de mensageiro do Evangelho, não apenas numa contemplação e aprofundamento dos mistérios divinos mas sobretudo demarcando directivas em ordem à vida actual dos fiéis.
Todos sabemos quanto é vexado, por suas convicções seguras e ensinamentos precisos sempre afirmados como uma persuasão límpida sem titubeios, como se a verdade houvesse de andar ao sopro dos ventos ou na direcção das correntes mundanais. Mas o Papa, como embaixador de Cristo, não pode deixar de ser fiel ao Evangelho do Senhor cuja doutrina haverá de repetir até ao fim dos tempos, mesmo a desagradar aos homens. Virá até a nós, com a força do Espírito da firmeza e sinceridade, sem procurar agradar aos homens nem muito menos obedecer-lhes pois é seu dever acatar antes a Deus.
Para o mundo da cultura, que sabe tão afastado das doutrinas da Igreja, apresentará a ideia proclamada, desde a preparação do conclave que o elegeu, de que é necessária uma fé adulta e que é próprio do homem inquirir e buscar, interrogando-se acerca de si mesmo e da realidade de quanto o rodeia, sem se enclausurar no seu pensamento ou no seu gosto, mas alargando-se e abrindo-se às dimensões dos outros,, num diálogo aberto e sincero.
Diante da crise económica tornada mundial, não deixará, ao falar a um público vertido sobre a realidade das questões sociais, de apontar os caminhos da justiça e equidade, da moderação em ordem à partilha, a fim de se construir a autêntica fraternidade humana transbordante de alegria e amor, e, deste modo, se fundamentar, mais e melhor, a paz, no alicerce do recíproco entendimento e da preocupação cuidadosa de uns pelos outros.
A palavra mais acurada e perfeita terá naturalmente de ser dirigida aos pastores, guardas do rebanho de Cristo, incentivando-os como já fazia o primeiro Papa: “Aos presbíteros que estão entre vós, eu, presbítero com eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, participante também da glória que se há-de revelar, vos exorto: apascentai o rebanho de Deus que vos é confiado, velando por ele, não por coacção, mas de bom grado, como Deus quer, não por cobiça, mas por dedicação, não como dominadores dos que vos couberam em sorte, mas como modelos do rebanho”.
Sabendo que a fé em Jesus não exclui o homem da realidade que o circunda, o mundo das coisas embora efémeras, o Pontífice não deixará de olhar para a realidade da nossa Pátria e da nossa cultura, a fim de nortear caminhos de futuro e nos propor, como pai interessado pelos filhos, itinerários de concórdia, ordem, harmonia, moderação e serenidade
O que se torna indispensável, nesta hora, sobretudo para os católicos portugueses, é abrir o coração, escancarar o espírito e reanimar a disponibilidade de alma, para aceitar com respeito e devotamento a mensagem que Bento XVI nos vem entregar, a fim de prosseguirmos na esperança de dias melhores.
Dias de graça e de bênção serão os tempos em que o Pai comum da cristandade estiver entre nós, com o carisma eclesial e humano a ele concedido para cuidar da grei do Senhor.
Por: Cunha Sério

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