quinta-feira, 15 de abril de 2010

Nos caminhos do Mestre

O Pe. Eugénio da Cunha Sério, bebe de Bento XVI, no Editorial do Jornal "A Guarda" para 47ª Semana das Vocações.

O Valor do Testemunho

“É bom e incentivante encontrar no caminho alguém que nos faça sonhar o existir e delinear adequadas atitudes, mormente quando a juventude ainda faz parte do nosso estatuto”.
Se a existência do homem, no mais íntimo da sua entidade pessoal, nasce sempre de outras vidas, o seu crescimento, de idade em idade, e a sua realização até à plenitude joga-se e projecta-se, frequentemente à sombra de outras vidas feitas modelo e exemplo.
Nem precisaremos de olhar apenas o adolescente que, talvez sem grande consciência ou porventura com redobrada atenção, segue um modelo para ele paradigma, a fim de o reproduzir. Todos, mais ou menos, no decorrer dos tempos, arquitectamos a construção pessoal da nossa linha de conduta, segundo uma figura sedutora, nobre e firme que nos mereceu solicitude e deferência em ordem ao futuro.
É bom e incentivante encontrar no caminho alguém que nos faça sonhar o existir e delinear adequadas atitudes, mormente quando a juventude ainda faz parte do nosso estatuto.
Todos os educadores, sobretudo pais, haveriam de ter esta ideia e preocupação, quando os seus meninos ainda que maiores intentam subir para a adulteza plena.
Também na vida espiritual e no plano de vocações, cuja semana vamos iniciar, os mesmos princípios hão-de estar patentes aos mestres e orientadores. É quanto nos indica Bento XVI na sua exortação para o quadragésimo sétimo Dia Mundial de Orações pelas Vocações precedido, como é, por uma semana de reflexão e prece.
Nem precisaremos de trazer à memória os santos dos séculos XIX e XX formados em Turim cuja influência múltipla e recíproca os guindou às honras dos altares: José Cotollengo, o grande iniciador da assistência social sobretudo dos doentes seguido por José Cafasso que consagrou a vida à formação do clero e orientou o mui conhecido João Bosco, por sua vez, director de José Alamano, sobrinho de Cotollengo, cuja grande acção eclesial foi o carisma missionário deixado à Consolata.
Podemos ler a história inteira na qual casos como estes são frequentes e mui afamados desde a mais remota antiguidade como o facto dos santos pastores da Capadócia: Basílio, o magno, e seus irmãos Gregório de Nisse e Pedro de Sebaste e ainda o amigo íntimo Gregório de Nazianzo, todos bispos do quarto século.
Na sua mensagem para este ano, o Papa lembra a atitude de S. André pressuroso por transmitir a seu irmão Pedro o encontro havido com Jesus e mais diligente a levá-lo ao Mestre divino. Recorda também o procedimento de Filipe a comunicar a Natanael a boa nova da sua descoberta. Anota ainda o seu pensar, com a meditação destes factos, e escreve: “O mesmo acontece, ainda hoje, na Igreja: Deus serve-Se do testemunho de sacerdotes fiéis à sua missão, para suscitar novas vocações sacerdotais e religiosas para o serviço do seu povo”.
Mesmo que se fale na crise dos sacerdotes e na sua falta, em comparação com tempos já passados, forçoso é recordarmos que o Senhor conduz a Igreja e nela vive ressuscitado, na unidade do Pai a Quem continuamente pede pelos seus. “Eu nunca vos abandonarei, pois estou sempre convosco até à consumação dos séculos”. Aqui está a certeza da esperança, sem deixar para trás as responsabilidades de todos na promoção e no amparo de quantos julgamos chamados à missão de cuidar do rebanho do Senhor.
Como todo o dom perfeito dimana do Pai das luzes, donde irrompem todos os bens, pela força do Espírito Santo, torna-se urgente também cumprir a recomendação de Jesus aos seus: “Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe”, uma vez que esta seara é grande e os trabalhadores poucos.
Ainda hoje, apesar da Europa e da América do Norte estarem a definhar nesta empresa das vocações sacerdotais, Deus continua a apoiar a Igreja, como se pode ver no último anuário católico. Aí se regista o aumento considerável do número dos padres, sem contar com os diáconos permanentes a quem se entregam tarefas de ensino, de liturgia e de pastoral, até há pouco, confiadas quase exclusivamente aos sacerdotes.
A Semana das Vocações não diz respeito somente ao problema dos sacerdotes mas alarga-se ainda ao campo das consagrações religiosas quaisquer que sejam os seus empenhos apostólicos. Se “em casa do meu Pai há muito lugar”, o importante será que cada um ocupe o seu posto e se realize consoante os dons próprios e as circunstâncias pessoais.
Nas lides da Igreja assegura-se também o nosso futuro e este há-de preparar-se, no hoje da nossa história, para que os vindouros encontrem mais facilitada a sua vida espiritual e o seu encontro com Deus vivo.
Aqui, uma das nossas importantes tarefas apostólicas, um dever para com a sociedade que formamos, uma acção a irradiar, sobretudo através da alegria e felicidade de sermos cristãos, apóstolos do Reino e sacerdotes do Altíssimo.

Por: Cunha Sério

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