quinta-feira, 15 de abril de 2010

Bispo da Guarda destaca visita de Bento XVI a Portugal

Homilia na Vigília Pascal – 2010

Cristo Ressuscitou! Aleluia! Aleluia.
É este o cântico de alegria da Vigília Pascal e do Domingo de Pás¬coa, como também de todo o Tempo Pascal até ao Pentecostes.
Nele ressoa a mensagem surpreendente dos dois anjos vestidos em trages resplandecentes que dizem às mulheres: “Porque buscais entre os Aquele que está vivo? Não está aqui. Ressuscitou”.
A Vigília Pascal é a celebração mais importante de todo o nosso ano. Para ela nos preparámos ao logo dos 40 dias da Quaresma, por uma renovação mais intensa da nossa vida de baptizados; ela é, na verdade, uma autêntica explosão de luz, que vai iluminar a nossa vida não só durante o tempo pascal que agora se inicia e se prolonga até ao Pentecostes, mas também nas restantes partes do ano em que, so¬bre¬tudo a partir do domingo e da Eucaristia Dominical, pretende¬mos que toda a nossa vida seja iluminada e ganhe novo sentido pela luz da Ressurreição de Cristo.

Toda a Liturgia hoje nos convoca para mergulharmos nas raízes mais fundas da nossa história de Fé e da nossa identidade cristã. Assim, pela Palavra de Deus, hoje mais abundantemente proclama¬da e meditada, contemplamos a história do amor de Deus em diá¬logo com os homens desde a criação, passando pela aliança com Abraão, Moisés e os Profetas, até à Ressurreição de Cristo, que inaugura uma humanidade nova, na qual nós já entrámos pelo Baptismo.
O acontecimento do Êxodo é um das mais importantes marcos desta história de salvação, como o Baptismo constitui também o mais importante marco da história pessoal da nossa Fé. Nele, como lembra hoje S. Paulo aos Romanos, nós morremos para tudo o que é velho, isto é, para tudo o que nos afasta de Deus, da comu¬nhão com Ele e com os irmãos e ressuscitámos com Cristo para a vida nova de filhos de Deus. E é esse hoje o nosso estatuto. Estatuto que temos de todos os dias aplicar mais e melhor às nos¬sas decisões e comportamentos. Quando, dentro de momentos, renovarmos as promessas do nosso Baptismo, queremos refazer o propósito de acelerar e aprofundar a nossa identificação com Cris¬to, exigência do Baptismo que, um dia, recebemos. A Euca¬ristia com que terminaremos esta Vigília Pascal vai ser o momento cul¬minante do nosso encontro com Cristo Ressuscitado e da alegria que Ele em nós realiza.

Celebramos a Páscoa quando falta pouco mais de um mês para re-cebermos, em Portugal, a visita do Santo Padre Bento XVI. Ele vem, como já está divulgado, para nos ajudar a caminhar na espe¬rança, reforçando a nossa identidade cristã e também o mandato para a missão recebido do próprio Cristo. É isso que nos diz o lema escolhido para divulgar esta visita papal – “Contigo caminhamos na esperança: sabedoria e missão”.
Desejamos desde já iniciar a nossa preparação para este encontro de graça com Aquele que é o Pastor da Igreja Universal, a cabeça do Colégio Episcopal e o Vigário de Cristo na terra.
Ele vem convocar-nos para reavivarmos a nossa Fé, sobretudo atra¬vés do encontro mais forte e mais consciente com a Palavra de Deus. Vem para ajudar a dinamizar a nossa esperança e a revigorar a nossa caridade.
A nossa esperança cristã ficará mais fortalecida e dinamizada, na medida em que formos capazes de relançar a vida de Fé das nossas comunidades cristãs e também contribuirmos para abrir caminhos novos na superação das muitas dificuldades e crises que a nossa sociedade atravessa. Sentimos também que a nossa caridade, incluindo o que chamamos caridade organizada e que é responsabi¬li¬dade inadiável de cada comunidade cristã, precisa de ser relan¬çada. Precisamos de responder, com mais eficácia ainda, aos inú¬meros dramas da nossa sociedade, particularmente às novas formas de pobreza, que não cessam de se multiplicar. Para isso temos de cuidar as iniciativas de solidariedade e acção social que já existem e criar outras, quando necessário.
Estas são algumas das razões que nos levam a esperar da visita do Santo Padre novos incentivos para levarmos a cada uma das nossas comunidades de Fé a chama e o dinamismo da vida nova em Cristo Ressuscitado. Pela parte que nos toca, desejamos que ela nos ajude a elaborar um programa de acção pastoral aplicável a todas e cada uma das nossas comunidades de Fé; um programa por onde venha a passar o fortalecimento da vida nova em Cristo Ressuscitado, mas também a resposta de Fé às alterações culturais e civilizacionais em que hoje vivemos. Encontro com Cristo Ressuscitado através da sua Palavra e caminhos de resposta, com a luz da Fé, aos gran¬des problemas que hoje se colocam às pessoas que vivem em soci¬edade têm de ser as duas grandes linhas de força deste programa.
Cuidar os diferentes ministérios da vida das nossas comunidades cristãs terá de ser outra grande preocupação. E aqui sentimos haver caminho para optimizar ainda mais a colaboração entre os nossos sacerdotes, os nossos diáconos e outros ministérios que, graças a Deus, em elevado número já temos espalhados pelas diferentes comunidades da nossa Diocese. Mas sentimos que temos de criar outros ministérios laicais para responder a novas necessidades, prin¬cipalmente as sentidas por comunidades que desejam em¬pe¬nhar-se, de verdade, em viver da Palavra de Deus para crescimento na Fé e serviço à sociedade.
Para sermos cada vez mais fiéis aos dinamismos da Vida Nova saídos da Pessoa de Cristo Ressuscitado, precisamos também de cuidar as estruturas de participação na vida das nossas comunida¬des. Precisamos de utilizar melhor aquelas que já temos ou nos são recomendadas e porventura criar outras. O que está em causa é criar todas as condições para que a vida nova de Cristo Ressuscitado se torne vida de cada um dos baptizados; possa marcar o ritmo da vida de cada uma das nossas comunidades cristãs, como de toda a nossa Diocese. E tudo isto para que o mundo creia.

Desejo que esta Noite Pascal seja para todos nós, nossas famílias e amigos, como também para todas as nossas comunidades cristãs vivida na alegria da Vida Nova de Cristo Ressuscitado. E que esta alegria seja cada vez mais visível na nossa vida pessoal e comuni¬tária e assim o mundo possa ter um sinal credível do amor de Deus singularmente revelado na Ressurreição de Cristo, que hoje alegre¬mente cantamos.
Aleluia! Cristo Ressuscitou.
Boas Festas.
+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda

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