Reitor do Santuário diz que com Deus a humanidade ainda tem esperança
COM BENTO XVI, APÓSTOLOS DE FÁTIMA
A peregrinação do Papa Bento XVI ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no próximo mês de Maio, vem reavivar a realidade de uma mensagem de alcance universal. As peregrinações anteriores de Paulo VI e João Paulo II, juntamente com as de muitos cardeais e bispos da Igreja Católica, já demonstraram de forma implícita, em alguns casos, e de forma explícita, noutros, que Fátima tem algo a dizer à Igreja e ao mundo. As multidões de milhões de pessoas que anualmente peregrinam em direcção à Capelinha das Aparições fizeram deste lugar ignorado, um dos mais conhecidos, não em função do próprio lugar, mas em função da mensagem que dele se difunde.
Chegou a pensar-se que a mensagem de Fátima tinha uma relação directa com alguns acontecimentos e circunscrita ao século XX. De facto, as leituras feitas estabeleceram uma ligação muito próxima com um conjunto de acontecimentos históricos datados. Recorda-se a questão da revolução russa e o crescer dos regimes materialistas e ateus que proliferaram no leste europeu; as duas guerras mundiais e o problema da paz na Europa e no Mundo; a eleição de um Papa polaco, quando se vivia ainda um tempo de separação entre os dois mundos europeus; a queda do muro de Berlim e o fim dos blocos, de forma rápida, quase inesperada.
Falou-se depois longamente do século do martírio e das perseguições aos cristãos e a outros crentes, nomeadamente os judeus, sobretudo a partir da terceira parte do segredo de Fátima e em estreita conexão com os acontecimentos dramáticos da vida de João Paulo II. A multidão de homens e mulheres que sobem a montanha escabrosa, no meio de sofrimentos, sangue e morte, acompanhada pelo Bispo vestido de branco, é uma boa imagem da realidade que se viveu no século dos mártires por motivos religiosos.
A partir da mensagem de Fátima, a Igreja e o Mundo encontraram fortes motivos de esperança: trabalhou-se pela paz; manteve-se viva a fé cristã; o nome de Deus não foi definitivamente aniquilado; a guerra nuclear não teve as proporções que se temiam; os blocos políticos e opostos desfizeram-se; os regimes materialistas e ateus caíram; o martírio dos crentes não fez perder a força da fé.
A mensagem de Fátima começa a revelar a sua actualidade e a sua universalidade, mesmo para o século XXI. As multidões continuam a afluir de todas as partes do mundo, de tal modo que no ano de 2009 passaram por Fátima peregrinos de 144 países. São milhares os lugares de culto, escolas, ruas, instituições que adoptaram este nome por o considerarem altamente significativo para a actualidade. São inúmeros os grupos de pessoas que, nos cinco Continentes, se reúnem em sintonia com as palavras de Nossa Senhora aos três Pastorinhos e delas fazem as razões da sua confiança.
Fátima continua a ser sinal de esperança para o séc. XXI e vai ajudar a humanidade a repensar o lugar de Deus no mundo presente e futuro. Após os tempos da rejeição de Deus como concorrente do ser humano, com tudo aquilo que significou de perda de sentido da vida e dos valores que nos orientam, chega a altura de voltarmos a interrogar-nos sobre as questões fundamentais, sendo a primeira e mais importante, a de Deus.
A palavra de Nossa Senhora aos Pastorinhos tem ainda campo aberto para a sua realização: “o meu Imaculado Coração será o caminho que te conduzirá até Deus”. A mensagem de Fátima proclamará a centralidade de Deus e a esperança de salvação que animará o nosso tempo e o nosso século. Será dessa forma um pólo de graça e de misericórdia a auxiliar a Igreja no anúncio da Verdade e na realização da sua missão. Esta é uma mensagem para todos os tempos, mas particularmente para o que vivemos.
A peregrinação do Papa Bento XVI é o sinal maior de que Fátima tem uma mensagem para o séc. XXI e de que, com Deus presente, a esperança da humanidade é possível.
Enquanto rezamos pelo bom êxito da visita do Papa ao Santuário de Fátima, apresentamos a todos os devotos de Nossa Senhora os melhores votos de uma santa peregrinação, na comunhão com o Santo Padre Bento XVI.
P. Virgílio Antunes
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